data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
A urbanização é um dos fatores que afetam a continuidade de determinadas culturas ao redor do mundo. Junto a isso, a pandemia deixou as sociedades mais reclusas, o que contribuiu para que alguns costumes sejam menos praticados, entre eles, os hábitos da cultura indígena.
Em Santa Maria, a aldeia caingangue, foi um dos primeiros grupos a receber a vacina, com a aplicação da primeira e segunda dose em 20 de janeiro e 11 de fevereiro, respectivamente.
Para o cacique Natanel Claudino, 38 anos, mesmo vacinados, todos têm que lidar com a preocupação com as crianças, uma vez que pessoas com menos de 18 anos não podem receber a vacina.
- Em um ano de pandemia, ainda não tivemos nenhum caso confirmado para Covid-19. São poucas as pessoas que saem para a cidade, e quando isso ocorre, tomamos todos os cuidados para evitar o contágio pelo vírus - comenta o líder.
Entenda por que é necessário tomar a segunda dose contra a Covid-19
Segundo ele, a crise do coronavírus afetou diretamente a venda de artesanato, principal fonte de renda da tribo. No entanto, a ajuda da comunidade e auxílios federais têm sido fundamentais nesse momento:
- Estamos produzindo menos materiais, até porque estamos saindo pouco. Por sorte, alguns grupos daqui recebem auxílio, o que complementa o sustento.
A tribo é formada por 12 famílias, que somam, aproximadamente, 50 pessoas, a maioria com idade entre 30 e 40 anos. De acordo com o cacique, os idosos se mudam frequentemente de uma aldeia para outra.
ENSINO
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Indígena Augusto Ope da Silva, única do local, está fechada. Hoje, os alunos estudam por meio remoto e, às quartas-feiras, recebem uma lista de atividades. Além das matérias básicas das respectivas séries, eles aprendem a linguagem caingangue, ministradas por três moradores da aldeia.
De acordo com o indígena Luís Ferreira, 37 anos, comemorar o Dia do Índio é importante. No entanto, para ele, o fato de serem lembrados mais nesta data demonstra que ainda há distância entre a sociedade e as tribos.
- Nós celebramos a data. Não vemos problemas de sermos chamados de índios ou de indígenas. Só não queremos ser lembrados uma vez por ano. Precisamos de visibilidade. Somos índios todos os dias, não somente em 19 de abril - diz.
Semana será marcada por máximas próximas dos 30ºC
CULTURA
Ferreira comenta que muitas tribos indígenas estão perdendo a cultura por não passarem adiante o que foi aprendido e praticado por gerações. Para ele, desde que a aldeia saiu da Rua João Batista da Cruz Jobim, atrás das estação rodoviária municipal, houve mais espaço para caça e para busca de ervas medicinais. Já para o cacique Natanael, a proximidade com a cidade não afeta estrutura cultural deles.
- Nascemos índios e vamos morrer índios. Isso não vai se perder. Mas não é somente a pandemia que nos traz dificuldades. Os desafios existem sempre. Mesmo assim, mantendo as nossas tradições, seguimos fortalecidos - reforça o cacique.
*Colaborou Gabriel Marques